No mês de agosto, alguns temas chamam a atenção da sociedade e um deles é a campanha Agosto Verde Claro, instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar e alertar sobre os linfomas.
O linfoma é um tipo de câncer no sangue, mas, diferentemente da leucemia, que atinge a medula óssea, essa doença se origina no sistema linfático e afeta os linfócitos, as células responsáveis por proteger o corpo de infecções e doenças.
Recentemente, a doença ganhou visibilidade, com a notícia do diagnóstico do cantor Jorge Aragão, ícone do samba. Em julho, o artista de 74 anos descobriu um linfoma não Hodgkin, após passar por uma bateria de exames. Outros famosos também já enfrentaram a doença. Os atores Edson Celulari e Reynaldo Gianecchini, a ex-presidente Dilma Rousseff, a autora de telenovelas Glória Perez e o comentarista esportivo Caio Ribeiro são alguns exemplos de pessoas que também foram diagnosticadas com linfomas não Hodgkin e tiveram sucesso no tratamento.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), os linfomas não Hodgkin são o nono câncer mais comum na população brasileira, e a estimativa é que, entre 2023 e 2025, o país registre cerca de 12.040 novos casos.

“A doença se inicia a partir de alterações do sistema imunológico, que predispõem à multiplicação anormal dos linfócitos, uma das células do sistema de defesa do organismo”, explica o hematologista Fernando Otani, da Hapvida NotreDame Intermédica.
Segundo ele, o linfoma não Hodgkin atinge todas as faixas etárias, desde crianças até idosos, no entanto, acomete mais frequentemente pessoas mais velhas e há uma maior incidência nos homens. “Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do linfoma não Hodgkin envolvem infecções virais, como HIV, hepatite C, infecção pelo Helicobacter pylori no estômago, doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico e síndrome de Sjögren, além do uso de drogas imunossupressoras e exposição prévia à quimioterapia ou radioterapia”, alerta o médico.
Sintomas e tratamento
Segundo Otani, o principal sintoma do linfoma não Hodgkin é, na grande maioria dos casos, o crescimento dos linfonodos na região do pescoço, axilas ou virilhas. “São percebidos como caroços ou ínguas, indolores, de crescimento progressivo ou estável, podendo estar presentes em apenas um ou em ambos os lados do corpo. Outros sintomas comuns são febre, suor em excesso, perda de peso, coceira pelo corpo e cansaço”, explica.
O linfoma não Hodgkin é uma doença com mais de 40 subtipos diferentes. Porém, é classificada de forma geral entre linfomas indolentes, de crescimento mais lento, e agressivos, com manifestações e sintomas mais importantes. De acordo com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a medicina tem avançado muito nos tratamentos e as chances de cura são, em média, de 60% a 70%.

“O tratamento, na grande maioria dos casos, envolve quimioterapia, com boas taxas de resposta e controle da doença. Outras modalidades de tratamento são a radioterapia, imunoterapia ou, em casos de recidiva, o transplante de medula óssea”, diz o especialista, explicando que o acompanhamento médico frequente após o término do tratamento é de extrema importância, já que o linfoma tem a possibilidade da recidiva, ou seja, de retorno da doença.
O médico alerta também para o fato de o diagnóstico precoce ser um aliado no sucesso do tratamento. “Assim que se diagnostica o linfoma, é realizado o estadiamento da doença (avaliação do grau de alastramento). Nos casos em que a doença se encontra menos disseminada, as chances de resposta ao tratamento aumentam. Dessa forma, o diagnóstico precoce favorece a resposta adequada ao tratamento”, conclui.





