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Por Letícia Aguiar – O tabagismo, ou o hábito de fumar produtos de tabaco, é uma das principais causas de doenças e mortes evitáveis em todo o mundo. Suas consequências abrangem uma ampla gama de impactos negativos na saúde, na sociedade e no meio ambiente. Então, hoje, no Dia Nacional de Combate ao Fumo, conversamos com a Dra. Gisele Rossi, médica pneumologista, sobre as consequências do tabagismo, os riscos para os não fumantes e a ascensão do uso dos cigarros eletrônicos (vapes). 

AS CONSEQUÊNCIAS DO TABAGISMO 

MHN – Quais são as principais consequências do tabagismo para a saúde pulmonar e geral? 

Dra. Gisele – São tantos malefícios causados direta e indiretamente pelo ato de fumar que fica até difícil selecionar quais as principais consequências. Porque temos doenças causadas em todos os órgãos e sistemas de nosso corpo e até consequências em próximas gerações. Por exemplo: uma mulher que fuma durante a gravidez, aumenta a chance de seu neto ter asma

MHN – Quais são as doenças respiratórias mais comuns associadas ao tabagismo?

    Dra. Gisele – As doenças respiratórias mais causadas pelo cigarro são bronquite crônica, enfisema pulmonar e câncer de pulmão, mas a exposição à queima do tabaco também piora outras doenças como asma, rinite e sinusite. Além de facilitar as infecções, por lesão dos cílios, que são o nosso sistema de limpeza das vias aéreas.

      MHN – Como o tabagismo contribui para o desenvolvimento da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)?

      Dra. Gisele – Para simplificar a explicação, essa sigla seria a junção da bronquite crônica e enfisema pulmonar.  O cigarro inflama os brônquios (“caninhos”) por onde entra e sai o ar. Também causa o Enfisema que é a destruição das paredes dos alvéolos, onde ocorre a troca de oxigênio e gás carbônico do nosso organismo.

      MHN – Pode nos falar sobre a ligação entre o tabagismo e o câncer de pulmão?

      Dra. Gisele – As estatísticas mostram claramente que o cigarro é o causador de câncer em 90% dos casos dessa doença. Porque a agressão crônica causada pela fumaça do cigarro, em todas as estruturas dos pulmões, leva a mutações genéticas que propiciam a neoplasia (câncer).

      OS RISCOS PARA OS NÃO FUMANTES

      MHN – Como a exposição à fumaça do tabaco afeta a saúde de não fumantes?

      Dra. Gisele – Claro que o fumante sempre sofre as maiores consequências desse vício, mas está mais do que provado que pessoas que convivem com fumantes em ambiente fechado adoecem mais por doenças causadas pelo cigarro, do que as que não têm essa convivência. Geralmente, o tabagista passivo desenvolve bronquite crônica ou não consegue controlar uma doença pré-existente, como a asma (bronquite alérgica).

      MHN – Que medidas podem ser tomadas para proteger as pessoas ao redor de fumantes?

      Dra. Gisele -O fumante nunca deve fumar dentro de casa, mesmo que seja em outro cômodo. Tem que fumar ao ar livre, a céu aberto mesmo, ou seja, nem sequer cobertura em áreas abertas ligadas à casa. Porque o efeito da fumaça do cigarro age por 36 horas, mesmo que não vejamos ou sintamos seu cheiro!

      MHN – Existe um nível seguro de exposição à fumaça do tabaco?

      Dra. Gisele – Não existe nenhum nível seguro. A exposição tem que ser zero! 

      CIGARRO ELETRÔNICO (VAPE) 

      MHN -Como os cigarros eletrônicos funcionam e qual é a diferença entre eles e os cigarros tradicionais?

      Dra. Gisele – Em 2003, o criador do primeiro cigarro de vapor com nicotina, tinha a intenção de ajudar seu pai a parar de fumar. Atualmente tem vários tipos de dispositivos.

      Teoricamente os cigarros eletrônicos só teriam a nicotina no vapor produzido e ajudariam a pessoa a largar de fumar o cigarro tradicional. Por manter os níveis de nicotina no corpo satisfazendo o vício, sem as centenas de substâncias tóxicas e cancerígenas contidas no cigarro tradicional.

      MHN- O uso de cigarros eletrônicos é uma alternativa mais segura ao tabagismo convencional?

      Dra. Gisele – Num primeiro momento, foi pensado que sim, até o aparecimento da pneumopatia aguda e grave, chamada VAP Síndrome. 

      Sem contar na explosão de uso desse cigarro que vem ocorrendo em jovens e adolescentes, que usam uma quantidade muito alta por ter uma falsa segurança de que “não é cigarro de verdade”, como eu já ouvi!

      MHN– Quais são os potenciais efeitos dos vaporizadores e do líquido de cigarro eletrônico nos pulmões? 

      Dra. Gisele – Como já citei, a Síndrome VAP é uma doença grave que pode levar à morte. Também devemos lembrar que nesses líquidos tem nicotina, que mantém o vício. Além disso, a pessoa frequentemente volta para o cigarro tradicional, porque mantém a dependência. Há também os cigarros eletrônicos de Cannabis (maconha), que causam tantos males neurológicos como pulmonares.

      MHN – Qual é o seu conselho para indivíduos que estão pensando em usar cigarros eletrônicos como uma maneira de parar de fumar?

      Dra. Gisele – Não existe segurança para o uso de cigarros eletrônicos. O ideal é procurar um médico ou psicólogo – às vezes os dois juntos – para ser usado os diversos métodos existentes e parar de fumar mesmo!

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