
Por Dr. Virgílio Ferreira, Médico Geriatra, Coordenador do projeto “Ame Seu Cérebro”, Docente Medicina FEMA (Assis)
Em setembro de cada ano, geriatras no mundo inteiro têm a missão de conscientizar a sociedade sobre essa doença cada vez mais comum no nosso meio. No Brasil, de cada 100 pessoas com mais de 60 anos, 8 tem alguma demência. E dentre as causas de demência, Alzheimer é a principal.
Falamos em demência e Alzheimer, outros dizem demência senil, mas qual o significado desses termos? Demência seria um conjunto de alterações nas funções cerebrais (memória, linguagem, raciocínio, etc) que leva à dependência nas tarefas do dia-a-dia, e que tem inúmeras causas, sendo a doença de Alzheimer a mais comum (70% do total). Demência senil é um termo usado pelas pessoas em geral, porém incorreto, que não existe na literatura médica. Entendemos que quando se fala em demência senil, as pessoas se referem às mudanças ocorridas na cognição durante o processo de envelhecimento. No idoso, a desatenção e maior lentidão do raciocínio e da memória são os principais sinais, que podem assustar, mas são consideradas normais.
Recentemente foi sancionado pelo governo federal, a Política Nacional de Enfrentamento às Demências, o primeiro passo para termos um Plano Nacional. Um dos principais pontos dessa Política é o incentivo ao diagnóstico precoce das demências e Alzheimer. Por que isso é importante? A maior parte dessas doenças são progressivas, levando a uma piora cognitiva e dependência cada vez maior. Quando o diagnóstico é feito de forma precoce, o tratamento será mais efetivo, e a evolução pode ser mais lenta. Isto beneficia não só a pessoa, mas também seus familiares cuidadores, que terão uma menor sobrecarga.
Estamos na era do diagnóstico de precisão da Doença de Alzheimer, com o uso dos biomarcadores, que são exames de imagem, do líquor e de sangue que refletem as alterações biológicas da doença, sem a necessidade de examinar o tecido cerebral a partir de uma biópsia. São exames importantes quando uma pessoa inicia um quadro demencial antes dos 60 anos ou quando pairam muitas dúvidas sobre a causa.
Muito importante é a atenção ao que costuma ser o primeiro sintoma, a perda da memória recente, observada através de repetição de perguntas e histórias, perda constante de objetos, esquecimento de pagar contas, dar recados, tomar remédios e panelas no fogo. Mudanças de comportamento em idosos, como se tornar impulsivo, agressivo, depressivo ou apático também podem indicar um quadro demencial. Tudo isso merece uma avaliação, de preferência com o geriatra, para verificar o diagnóstico e iniciar o tratamento o mais breve possível.

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